UMA NOVA CONCEPÇÃO DE TEATRO em Felizmente Há Luar!
Em
Felizmente Há Luar! estamos perante um teatro moderno, épico, brechtiano.
O teatro épico, também designado por teatro moderno, inovador e não aristotélico, é uma forma de teatro que surge por volta de 1950 com Bertolt Brecht (1898-1956) e que se opõe, quanto aos fins que pretende atingir, ao teatro clássico, tradicional, de forma dramática ou aristotélico.
Brecht concebeu um teatro didáctico, de crítica social e de intervenção, sendo o efeito de distanciação um dos elementos mais característicos deste tipo de teatro que privilegia a narração e nega qualquer princípio de ilusão. O espectáculo teatral mais não é do que uma simples lição de vida e é como tal que deve ser apreendido quer pelo actor quer pelo espectador. Àquele compete representar a acção e não vivê-la e a este tomar uma posição crítica relativamente ao que se vê e não reagir emocionalmente como acontecia no teatro clássico como acontecia no teatro clássico, abolindo-se a catarse aristotélica. Deste modo, o público deverá estar ligado ao palco pela inteligência e não pela sensibilidade, sendo, contudo, impossível abolir completamente esta última. Então, compete ao dramaturgo atenuá-la mediante um jogo estabelecido entre signos linguísticos e que concretizará o tão desejado efeito de distanciação.
Sttau Monteiro, seguindo o exemplo de Brecht, coloca a luz, o som, os gestos e a palavra ao serviço da distanciação: O público tem de entender, logo de entrada, que tudo o que se vai passar no palco tem um significado preciso. Mais: que os gestos, as palavras e o cenário são apenas elementos duma linguagem a que tem de adaptar-se. (p.15).
Nada no palco deverá iludir, mas consciencializar e despertar o público, por isso os focos de luz e as fontes de música deverão estar bem visíveis aos olhos de um espectador que se pretende activo, produtivo, crítico e reflexivo.